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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Test DaF, DSH, Goethe... Como comprovar meu nível de alemão?

Há alguns dias, tive o desprazer uma não-tão-boa experiência de troca de e-mails com o centro de línguas de uma Universidade. Talvez por eu ter escrito em inglês, a pessoa assumiu que eu não sabia nada de alemão e me agraciou com um "se você não pode comprovar seu nível de alemão, nós não podemos te ajudar". (!) Além disso, não respondeu nada do que eu perguntei. Respondi em bom alemão (com ajuda de um nativo, claro, mas ninguém precisa saber...hehe), dizendo que como o e-mail era, veja bem, pra um CENTRO DE IDIOMAS, com uma pergunta sobre um curso de, veja bem de novo, "ALEMÃO como língua estrangeira", imaginei que não haveria problema escrever em inglês. Mas enfim, se era melhor, eu escreveria então em alemão. Refiz as perguntas e apesar de aí a resposta ter sido absurdamente melhor e mais "respeitosa", eles me confundiram mais, dizendo que se eu precisava de C1 pra um mestrado, eles não aplicavam esses testes lá. Se eu precisava de DSH, era outra história.

Hã? Como assim, o DSH não comprova o C1? Do que ele está falando? O que o programa de mestrado pede é o que, então? Fiquei mais confusa do que antes do e-mail.

Enquanto isso, meio sem querer, encontrei um evento na Volkshochschule daqui de Nürnberg que era tipo uma palestrinha só sobre provas de alemão como língua estrangeira (TestDaF, DSH, Goethe Sprachdiplom, Telc, etc), pra esclarecer quem estava pensando em prestar uma delas. E seria em poucos dias, e de graça! Me registrei e hoje, graças ao bom pai - a à boa fuçação na internet, que eu super recomendo, fui lá e tive todas as minhas dúvidas finalmente sanadas (YEAH!) - e vou dividir aqui com vocês.

Primeiro de tudo:

1. Quando se fala em "comprovação de C1", não necessariamente se fala de DSH e TestDaF. E vice-versa.


Pra comprovar que tem nível C1, você pode, por exemplo, apresentar o certificado de conclusão de um curso normal de nível C1. Ou o Telc, ou o certificado Goethe C1. Esses são realmente de C1. O que acontece é que o TestDaF e o DSH são provas que tem mais ou menos o nível C1, e por isso a confusão - porém, suas metodologias e conteúdos, bem como os resultados possíveis (no TestDaf, a nota de 3 a 5, e no DSH, os pontos), vão atestar outras capacidades pras Universidades, como certo domínio de termos técnicos, de entender e escrever certos tipos de texto, tal. Hoje na palestra tinham pessoas que queriam o C1 por motivo de trabalho, por exemplo, e aí pra elas não tem nada a ver fazer o DSH. São coisas de fato diferentes (ao menos na teoria).

2. O que é o DSH e o TestDaF? Qual a diferença?

DSH significa "Deutsche Sprachprüfung für den Hochschulzugang" (Prova de língua alemã pro ingresso em ensino superior, ou seja, é bem realmente pra quem quer estudar), e TestDaF é um Instituto, assim como o Goethe ("DaF" significa "Deutsch als Fremdsprache" - alemão como língua estrangeira). A prova do TestDaF também é voltada pra quem quer estudar. Pra informações, modelos de provas, etc do DSH, você pode procurar no site da própria Universidade de seu interesse. Já pro TestDaF, tem o site do Instituto - https://www.testdaf.de/. Telc também é um Instituto, assim como o Goethe e o TestDaF. O Telc é mais reconhecido na Alemanha, enquanto o Goethe é mais reconhecido (tipo, mais "bem visto", sabem melhor que existe) em outros países.

3. E onde eu faço a prova e o curso preparatório de cada um?

O DSH é aplicado nas próprias Universidades, e geralmente (com exceção de umas 4 Universidades na Alemanha), o curso preparatório pro DSH  em uma Universidade só é permitido a quem realmente tem intenção de estudar naquela Uni. Por isso, é preciso ir lá, dizer o que você pretende fazer lá (qual curso, qual mestrado, etc), e aí eles vão te dar uma permissão de frequentar o preparatório pro DSH deles, que vai ser aplicado lá mesmo, pra quantos estudantes existirem no curso.
Já o TestDaF pode ser aplicado na Uni, mas não tem esse vínculo tão estreito com ela, ela é só um centro aplicador, digamos assim. Na Uni que eu quero, por exemplo, não existe curso preparatório pro TestDaF e só existem 20 vagas pra fazer a prova. Ou seja... bobeou no dia de se registrar, dançou, ficou sem vaga pra prestar a prova lá (que na Uni, só acontece 2 vezes por ano). Mas é possível fazer em outros centros aplicadores. O TestDaF é feito a cada 6 semanas na Alemanha, mas você tem que descobrir onde exatamente, e de repente ir pra alguma cidade próxima, se não quiser esperar muito. Aqui em Nürnberg por exemplo, se eu não conseguir vaga, eu procuraria as próximas em Augsburg, em Munique, etc, que dá pra ir de trem. E o curso preparatório pro TestDaF não existe mais na Universidade que eu quero, mas tem um na VHS (Volkshochschule). Pra encontrar onde fazer a prova do TestDaF, consulte o site deles, e pra achar curso preparatório, coloque "vorbereitungskurs TestDaF (nome da sua cidade)" no google.

4. Só a Universidade poderá dizer qual prova vale, e qual resultado será aceito, no curso/mestrado que você quer fazer.

No site da Universidade talvez você encontre uma lista com as exigências de idioma(s) pra cada curso/mestrado. O que eu quero, por exemplo, pede DSH 2. O TestDaF normalmente tem que ter resultado 4 (vai de 3 a 5), mas cada parte do teste (ler, ouvir, escrever, falar) tem uma nota e aí a exigência pode divergir - algumas vão aceitar que vc tenha 3 em duas e 5 em outras (resultado final: 4), outras vão exigir que você tenha no mínimo 4 em todas as partes. Tem que perguntar.

Eu perguntei na Uni quais outros testes eu poderia fazer, que fossem equivalentes, e eles me passaram essa lista (mas pergunte na sua Uni, pq cada uma é diferente! Só estou colocando aqui pra dar uma idéia):

Sprachdiplome , die sind der DSH 2 äquivalent und anerkannt:

  • -      das Goethe-Zertifikat C 2: Großes Deutsches Sprachdiplom (ab 1.1.2012),
  • -      das Große Deutsche Sprachdiplom des Goethe-Instituts (bis 31.12.2016),
  • -      das Kleine Deutsche Sprachdiplom des Goethe-Instituts (bis 31.12.2016),
  • -      die Zentrale Oberstufenprüfung des Goethe-Instituts (bis 31.12.2016),
  • -      die DSH bzw. bei Zeugnissen nach neuen Prüfungsmodalitäten die DSH-Stufe 2 einer deutschen Hochschule, soweit diese nach der entsprechenden Rahmenordnung der HRK durchgeführt worden ist, sowie nach Maßgabe näherer Bestimmungen der Universität,
  • -      das Deutsche Sprachdiplom der Kultusministerkonferenz Stufe II (DSD II),  
  • -      das Zeugnis über die bestandene Feststellungsprüfung an einem Studienkolleg in der BRD,
  • -      der TestDaF (TestDaF-Institut Hagen) nach Maßgabe näherer Bestimmungen der Universität,
  • -      Deutsche Sprachprüfung II des Sprachen- und Dolmetscher-Instituts München.

Na palestrinha de hoje, o que disseram é que TestDaF (nível 4 em todas as partes, geralmente), DSH 2 e Goethe Institut C2 Prüfung, todas as Unis tem que aceitar, com raras exceções pra quem quer estudar alguma coisa muito super super, tipo Germanistik, sei lá. Alguns cursos (tipo Música, sei lá), podem aceitar o Goethe C1 ou o Telc C1, mas também são raros.

5. Tem que já ter o nível C1 pra fazer o Vorbereitungskurs?

Teoricamente, sim. Mas é bom conversar com a escola que oferece o curso antes; eu falei hoje diretamente com a professora do curso pro TestDaF, e ela disse que como esse curso que ela dá, especificamente, é mais pra treinar as provas mesmo e se dedicar sozinho (ela dá muita coisa pra ler e escrever em casa), vai muito do tempo que o aluno tem pra estudar. Como eu falei que no momento eu tenho bastante tempo, pois só quero me dedicar ao alemão, ela disse que eu poderia fazer, se quisesse. Eu só tenho B1+ e estudo por conta o B2, atualmente. Pro DSH eu não sei, acho que vc é obrigado a fazer o teste de nível antes, e aí eles te colocam na turma de acordo com o seu nível.

6. Como são as provas?

Todas as provas tem as 4 partes: Leseverstehen, Hörvestehen, Schriftlicher Ausdruck e Mündlicher Ausdruck. A duração de cada parte, o foco e como são testadas varia um pouco em cada prova, mas o conhecimento que você tem que ter é mais ou menos o mesmo. É bom ver modelos de provas e se informar pra ver qual você acha que é melhor pra você. No DSH, por exemplo, é permitido ter um dicionário alemão-alemão na hora de escrever o texto; no TestDaF, não. No DSH a parte oral é com outra pessoa, cara a cara, por 15 minutos, enquanto no TestDaF são 7 situações em que você fala por 30 segundos pro computador (por exemplo, "faça uma ligação perguntando sobre cursos de alemão", aí vc ouve no fone de ouvido a mulher atendendo o telefone e vc tem que falar por 30 segundos), e dura no total 35 minutos. Cada pessoa funciona melhor numa situação diferente, então vale a pena se informar e treinar especificamente praquele tipo de teste.

7. Resultados

Os resultados do TestDaF e do DSH equivalem assim:

TDN 3 (TestDaF Niveau 3) - DSH-1 (você sabe menos)
TDN 4 (TestDaF Niveau 4) - DSH-2 (você sabe ok, suficiente pra Uni)
TDN 5 (TestDaF Niveau 5) - DSH-3 (você manja muito)

8. Custos

O preço dos cursos preparatórios variam, tem que se informar em cada lugar. Pro DSH na Uni de meu interesse, por exemplo, você também paga o teste de nivelamento (25 euros, se bem me lembro). Aí você paga o curso - extensivo ou intensivo, e também paga a prova. O TestDaF você também paga o curso e depois paga a prova. Nem vou por os preços aqui porque eles mudam muito, se informe direitinho nas opções da sua cidade... mas já prepare o bolso, que barato não sai. :P Se você estiver com a grana curta, pode tentar comprar os livros (do TestDaF é o "Fit für den TestDaF", do DSH eu não sei), procurar material na internet e sites oficiais e estudar por conta, vai das suas possibilidades e determinação. ;)


Depois de tudo isso, ficou bem mais claro o que a pessoa do centro de idiomas tentou me dizer. Provavelmente eu vou tentar o TestDaF ao invés do DSH, só pelo fato de sair muito mais barato - além do preparatório da VHS ser mais em conta, é na minha cidade mesmo, não preciso pagar o trem pra ir e voltar todo dia pra outra cidade.

Espero que ajude a clarear um pouco pra vocês também, pra quem estiver na mesma situação que eu, de se afogar no mar de informações dos sites todos!

Liebe Grüße und auf Wiedersehen!




quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Por que eu ainda não falo alemão?

Muita gente deve se perguntar como, por deus, eu morando aqui, tendo um alemão em casa, tendo trabalhado e estudado alemão na Alemanha, eu ainda não falo alemão bem.

Eu mesma tenho que confessar que pensei isso muitas (muitas, muitas) vezes. Como? Por que não entra por osmose? Ainda mais que eu sempre segui as recomendações: assistir TV em alemão, ver filme com e sem legenda, ouvir música, falar com as pessoas na rua, ler revista, ler repostagens na internet, etc. Também fiz cursos de alemão em duas escolas diferentes. Por que não funciona?

Pensei muito sobre isso, e nesse tempo, vi muitas pessoas com quem aconteceu a mesma coisa (Ufa, não era só eu.).

Até que eu ouvi uma frase no ano passado, do mestre Yoda de Chris Lonsdale, numa palestra do TED, que resumiu tudo. Só aí é que consegui ir esmiuçando o problema. A frase:

"Immersion per se doesn't work. And why? Because a drowning man can't learn to swim!" 


 "Imersão (no idioma) por si só não funciona. E por quê? Porque um homem se afogando não consegue aprender a nadar". É isso.

Ouvir gente falando rápido, usando todo o vocabulário de um nativo, com a pressão de ter que entender e responder logo em seguida, numa situação que vai dando desespero... Não vai ajudar na sua conversação. Nem ler textos de nível C2 quando seu alemão nem no B chegou ainda. Você se sente exatamente assim: se afogando num mar de palavras desconhecidas. E nessa situação, você não consegue mesmo aprender a nadar.

Mudou minha vida. E aí a partir disso consegui listar alguns outros motivos:

1. Alemão é difícil mesmo

Alemão nem é o bicho de 7 cabeças que todo mundo pinta (ou é, mas tem piores!rs). Porém, acho que a referência que a maioria de nós tem de segunda língua é o inglês. O inglês parece mais simples, mas na realidade só parece... muitos de nós considera que já estamos manjando, por conseguirmos nos comunicar bem em inglês, ter alguma fluência, tal... mas na real não sabemos nem 1 décimo dos Phrasal Verbs, nosso vocabulário é bem limitado, usamos construções simplinhas, não entendemos sarcasmo ou piadinhas mais sutis.

Com o alemão, não tem essa "versão simplificada", de já conseguir se comunicar mesmo sem saber muito. A língua alemã é muito de especificar, pra cada jeito de fazer uma coisa, existe um verbo diferente. E eles realmente USAM TODOS.

2. Somos muito menos expostos ao alemão do que ao inglês durante a vida

Outro problema da nossa referência pra aprender outro idioma ser o inglês: quando entramos num curso de inglês, mesmo sem perceber, já sabemos muita coisa. Estamos acostumados com a pronúncia das palavras e a variedade de sons que a língua tem, por causa dos filmes e músicas; temos várias palavras incorporadas (e com elas também a fonética); sabemos algumas letras das músicas e a tradução de algumas partes, etc.
Já com o alemão, mesmo quem é de família alemã e ouvia uma coisa aqui outra ali (como era na minha casa), a exposição é MUITO menor. A maioria das palavras soa completamente estranha, você realmente nunca ouviu aquilo na sua vida. Falta aquele "primer". E por isso você começa a aprender mais do zero do que o inglês, e tem a impressão que demora muito mais. E demora mesmo.

3. Der, die, das?!?

No alemão, ao invés de masculino e feminino, tem também o artigo neutro. Muitas coisas que são "menina" pra gente, em alemão são "meninos" ou "menines". Por exemplo: o sol aqui é "a sol" (die Sonne), e a lua é "o lua" (der Mond). Até aí tudo bem, você pode trocar tudo e ainda assim, as pessoas vão te entender.

O problema é que quase todas as regras de gramática dependem do artigo pra serem aplicadas. E aí, se você erra o artigo, você erra todo o resto junto. Dá a impressão que você não sabe nada - mesmo que você só não saiba o artigo.

4. Não tá rolando? Troca pro inglês!

Uma coisa que os alemães fazem com frequência e você acaba fazendo também, é trocar automaticamente pro inglês, se o alemão não estiver funcionando 100%. Na hora é ótimo, super resolve, dá aquele alívio... mas a longo prazo, você acaba não aprendendo nunca o que não sabe. E um dos problemas que aconteceu comigo, e acontece com muitos brasileiros que moram aqui, é justamente esse: por chegarmos em casa cansados, com todo o estresse do dia somado ao desconforto de viver em outra cultura, a última coisa que a gente quer na vida é forçar o nosso cérebro a falar uma língua que ele não domina. Você quer conversar, trocar uma idéia, contar como foi seu dia, tal... sem demorar 20 segundos pra pensar em cada palavra. E aí o inglês acaba dominando suas relações, e fica cada vez mais difícil trocar pro alemão.

5.  Metodologia dos cursos

Os cursos de alemão que eu fiz, intensivos na Volkshochschule (A1.2 e depois B1+) e intensivo de integração (A2.1 até B1) numa escola privada foram ótimos. Porém, os cursos seguem livros, quase que estritamente, e o professor parece sempre mais pressionado a seguir o cronograma do livro do que em seguir o ritmo e os pontos que os alunos precisam. E isso não é culpa deles - quase todas as escolas de idioma adotam essa prática.
O fato de todos os cursos que eu fiz serem intensivos também não ajudou muito, já que eu não tinha tempo de revisar e praticar até não poder mais os pontos que precisavam, principalmente os que são de decorar mesmo. Eu tinha aula todos os dias, no dia seguinte já vinham outros assuntos, outras palavras... E o que não foi decorado (como as tabelas de declinação, que não tem jeito), ia seguindo na deficiência :P

Além desses dois fatores, os cursos regulares costumam ser voltados pra fazer você se virar no dia a dia. E realmente funciona. Porém, a gramática mesmo acaba sendo colocada aqui e ali de forma homeopática... e eu gosto de saber tudo, certinho, colocado em tabelas, com as regras, pra ter uma noção geral de tudo que existe, onde eu tô naquele meio. Você aprende alemão nos cursos? Claro que aprende. Porém se você quer (como eu) estudar em uma Universidade, escrever bem, se comunicar num nível mais alto, você acaba sentindo falta de pegar mais pesado na gramática.

E é por isso que eu tirei esse tempo pra estudar por conta, inclusive. Comprei dois livros de gramática, pura e seca, pra enfiar goela abaixo ponto por ponto. E até agora tem sido ótimo! Posso passar dias fazendo só frase no nominativo e declinando adjetivo até as terminações todas saírem no automático. Era isso que eu precisava.

Então, a minha dica, se você também estiver passando por essa situação: calma, respira, e veja bem o que tá fazendo falta no seu método de aprender. Você tem algum/a alemã/o pra conversar? Você está conversando EM ALEMÃO com ele/a? Os textos, programas de TV, etc que você pega pra ler e assistir, são pro seu nível? Você treina tudo de forma balanceada: ouvir, entender, ler, escrever, falar?

Talvez seja só um ponto que esteja pegando e dando essa impressão que você não sai do mesmo lugar. Vale a pena sentar, analisar, mudar o que for preciso... afinal, demora, mas uma hora vai!

:)

Liebe Grüße