quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Antes tarde que mais tarde - Botando a leitura em dia

Desde que eu entrei pra famigerada vida acadêmica (aquela, que suga seu cérebro e depois cospe em coisas pra por no seu currículo lattes), sempre tive tanta coisa pra ler pras aulas, artigos científicos e afins, que por muito tempo não li quase nada. Só lia coisas na internet, blogs, notícias, tal, mas livro mesmo que é bom, nada. Quando lia qualquer coisa que não fosse relacionada à ciência, era alguma coisa bem besta, só pra dar aquela desanuviada.

Mas enfim. Em 2012 eu vim pra cá, onde é muito (muito) mais difícil conseguir livros em português... e claro, resolvi botar a leitura DA VIDA em dia. 

De começo, percebi que quando arrumei minhas coisas pra vir pela primeira vez, ainda estava vivendo tão dentro da correria e dos acontecimentos do meu final de graduação, que só trouxe 'variações do mesmo tema sem sair do tom'. Desde "A Origem das Espécies" até "O Polegar do Panda", era um festival de coisas biológicas. A estante do meu lado era só isso; a do outro lado - na qual eu fucei com alguma esperança no meu coraçãozinho literário -, era só livro de culinária e arte, e tudo em alemão. Oh mann.

Aí, em setembro do ano passado, fui pro Brasil... e usei quase que uma mala inteira só de tralha (leia-se: quilos e quilos de coisinhas pra artesanato) e livro. Fui nas saraivas e sicilianos da vida, e na minha própria estante, e saí catando tudo-que-eu-sempre-quis-e-nunca-li, ou tudo que eu gosto muito e queria ter por perto.

O que veio nesse meio:

- "O Povo Brasileiro", do Darcy Ribeiro
Desde que eu assisti "Mistura e Invenção", um filme dele sobre a formação no Brasil (pra quem quiser ver, descobri que tem no youtube - aqui), muitos anos atrás, Darcy Ribeiro virou um mito pra mim. Quando achei esse pra comprar, então, não pensei duas vezes. Ainda não li, só comecei no metrô uma vez, mas é um dos que eu mais quero ler de todos. Só estou "guardando o melhor pra depois" por às vezes ter umas crises de overthinking sobre o Brasil ("como tá, porque tá, porque é assim, se tem jeito e qual seria", etc), e certeza que ler esse vai me colocar nesse modo, numa dose nunca antes vista na história dessa minha pessoa. E que eu vou adorar.

- "1808 - Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil", do Laurentino Gomes
Esse eu sempre tive vontade de ler, e era bem o que eu pensava. Achei bem legal de ler, desce fácil. Também me fez um pouco entrar no modo intensivo em pensar sobre o Brasil, mas, como tem muitas curiosidades, e é escrito pra ser meio uma história história mesmo, com personagens caricatos e fatos pitorescos, nada muito técnico e preciso, acaba sendo uma coisa mais light. Gostei, mas ainda falta algumas páginas pra terminar. O tamanho dele torna meio pouco prático de carregar na bolsa :P E juntando isso com a minha mania de nem terminar uma coisa e já começar outra, lá fui eu ler...

- ..."Os crimes ABC", da Agatha Christie
Eu nunca tinha lido Agatha Christie. Sempre tive curiosidade, porque todo mundo fala e porque eu sempre vi uns pela casa, mas nunca tinha pego pra ler. Confesso que esses nomes tipo "Assassinato no trem da meia noite", sei lá, me chamavam a atenção na época da Coleção Vagalume, e depois nunca mais. Mas eu li por uma questão de "eu preciso saber como é"... e achei ótimo! Até peguei outro pra ler depois, "Depois do Funeral". É meio estranho por tudo (obviamente) se passar numa Inglaterra de antigamente, e então soar tudo meio forçado ("o senhor Enthwistle bebericou seu xerez", o que aliás eu substituo por whiskey na minha cabeça, porque eu não faço a menor idéia do que seja xerez), mas tá. Depois da metade você sempre entra naquela curiosidade infinita de "whodunnit", e sai lendo loucamente pra descobrir logo. Me sinto sempre com 13 anos lendo "Um cadáver ouve rádio" ou "O Escaravelho do Diabo". Vale pela nostalgia. Sensacional.
(Depois minha mãe me trouxe "Depois do Funeral", dela também, e a sensação foi a mesma. Com o plus que graças a um evento de família, eu pude ler uma parte in loco: dentro de um trem em Londres. Sensacional de novo. E ela acabou me deixando uma coletânea, "Mistérios dos Anos 40", que está só esperando sua hora chegar na minha estante!)

- "Por um Fio", Dráuzio Varella
Um dos meus preferidos de todos os tempos. São vivências e reflexões do Dráuzio Varella na prática clínica, as conversas e situações com os pacientes, a fragilidade da vida, as relações humanas nos momentos mais difíceis, dar e receber a notícia de que não resta muito tempo, o que surge a partir daí, tal. É muito duro, mas muito sensível. Fala sobre o espírito humano, mas numa linguagem muito simples. Gosto muito desse, recomendo.

- Um de crônicas da Martha Medeiros ("Coisas da Vida")
Porque as crônicas são curtinhas, é sempre leve, meio mulherzinha às vezes, total desanuviador de mentes cansadas e que se levam a sério demais. E me lembra as conversas com as minhas meninas (oi Carol e Flá!), e de que tem mais gente lá fora pensando nessas coisas, apesar de aqui eu ser meio solitária na minha mulherzice. E é ótimo de carregar na bolsa. ;)

- Os Calvin & Hobbes em português e em inglês
Old, but gold. Não me canso nunca.

- "The Catcher in the Rye" (O apanhador no campo de centeio), J.D. Salinger
Esse eu não trouxe, eu comprei aqui, a versão em inglês mesmo. Entra na mesma categoria dos da Agatha Christie, 'curiosidade de saber o que é que tem lá, afinal'. Comprei quando fui pegar o "The Lord of the Flies" (O senhor das moscas) (leu "the Lord of the Rings", né?) pro teste de inglês, mas que eu também sempre quis por ser o livro que o Calvin sempre tem que ler e não lê, ou tem que fazer um resumo e não faz. rs Mas enfim, o Apanhador. Ao contrário dos outros livros, que eu me arraaasto sofreeendo nas primeiras páginas, até que ele consiga me cativar, esse já me cativou na primeira página. Mas depois acho que justamente por isso a expectativa ficou alta, e eu fui achando não tão sensacional, demorado pra acontecer alguma coisa excepcional, sei lá. Mas eu ainda só li 1/3, então tudo pode acontecer ainda no quesito gostar ou não, acontecer alguma coisa ou não. Vamos acompanhar.

- "As Vidas de Chico Xavier", Marcel Souto Maior
Porque eu gosto do Chico Xavier. E esse livro sempre tem um efeito calmante absurdo em mim, super funciona pros momentos de coração gelado. Eu gosto do Chico. <3

- "O Príncipe", de Maquiavel
Comprei uma vez uma edição pocket na rodoviária, junto com a minha amiga Dea, se não me engano, numa das milhares de passagens pela nossa querida Rodoviária do Tietê (#sqn). A intenção era cada uma pegar um desses livros "ícones" e depois trocar. Eu não sei se ela conseguiu ler o dela, mas eu nunca consegui ler o meu. Já comecei, até gostei, mas é meio pesado (o que tbm pode ser culpa da tradução), meio lento de se ler. Mas eu trouxe. Uma hora vai.

- "A História da Arte", de Gombrich
Porque eu nunca deixei de gostar dessa parte, e esse livro é mais que sensacional! Vale cada quilo que eu tive que carregar a mais pelas escadas e metrôs daqui quando eu cheguei de volta.

E que eu me lembre, foram esses... (Daqui a pouco eu me deparo com outros que eu esqueci, e aí tenho que vir atualizar o post! Certeza.)

E você, pessoa que me lê? Algum comentário, sugestão, já leu algum desses, tem algum pra indicar? Aceito boas idéias!

Auf wiedersehen :)



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